Ações do Magazine Luiza desabam 77% em apenas um ano

Alta dos juros compromete performance de varejista. Segundo analista, empresa segue saudável para investidor a longo prazo

O Magazine Luiza vai divulgar os resultados do primeiro trimestre de 2022 no próximo dia 16 de maio, logo depois do fechamento do pregão do dia. A comunicação ao mercado está envolta em expectativa, depois de um ano de intensa desvalorização das ações da empresa. Nos últimos 12 meses, os papéis do grupo de varejo sofreram tombo de 77%.

Nesta sexta-feira, 6, as ações do Magazine Luiza atingiram o mínimo de R$ 4,25 durante o pregão. Este patamar leva a empresa de volta a níveis de 2018, tirando do investidor toda a valorização celebrada principalmente em 2020.

Mas é a análise sobre períodos que permite verificar a magnitude da recente desvalorização das ações do Magazine Luiza. No acumulado de 2022, a queda é de 35%. Já nos últimos 12 meses, o recuo foi de 77%. Tudo depois de um momento de bonança no começo da pandemia do coronavírus.

Análise do mercado

Apenas em 2020, o Magazine Luiza conseguiu 109% de valorização, com pico de R$ 28,24 no valor das ações. Isso, num cenário que envolvia o crescimento do mercado do comércio eletrônico no país, em razão do isolamento social, além do patamar baixo de juros.

Hoje, o cenário dos juros é outro, com a taxa Selic chegando a 12,75% ao ano, na última atualização promovida pelo Banco Central. Para Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, essas condições afastam o investidor de curto e médio prazo.

“As ações de varejo são muito favorecidas pela queda da taxa de juros. Nos últimos meses, e principalmente nesta semana, com a alta dos juros nos Estados Unidos e o aumento de 1 ponto no Brasil, temos um cenário que não favorece as empresas de varejo. Para conter a inflação, essa iniciativa diminui o consumo em geral. Por isso, o Magazine Luiza teve essa queda forte”, comentou Virgílio Lage.

“Mas a empresa continua saudável, tem visões de crescimento. Para o investidor que pensa em uma ação de longo prazo, continua a fazer sentido. É até uma oportunidade de comprar ações da empresa mais baratas, visando longo prazo. Já para o investidor de curto ou médio prazo, o ideal é ter cautela em cima dessas ações de varejo e tecnologia.”

Mesmo com a tendência de desvalorização de papéis, o Magazine Luiza segue como uma das forças do comércio eletrônico brasileiro. Segundo o ranking Conversion, a empresa ficou em quarto lugar na divisão de mercado de março, com 11% de market share. O Mercado Livre lidera o segmento, com 30% de participação, seguido de Americanas (13%) e Amazon (12%).

Segundo o Magazine Luiza, a empresa fez R$ 56 bilhões em vendas em 2021, com aumento de 30% em relação a 2020.

Fortuna em queda e posicionamento social
Bolsa de Valores à parte, a fundadora do grupo de varejo também vem de um período de perda de posições no seleto grupo dos bilionários. Segundo o ranking de fortunas da revista Forbes, divulgado em abril, Luiza Trajano passou do oitavo lugar entre brasileiros, em 2021, com US$ 5,3 bilhões (R$ 24,6 bilhões), para a 50ª posição, em 2022, com US$ 1,4 bilhão (R$ 6,5 bilhões).

A instabilidade acionária do grupo de varejo também se deu no momento em que a imagem pública do Magazine Luiza acabou ficando atrelada a iniciativas de posicionamento social, que dividem opiniões entre os consumidores.

No caso mais emblemático, a Defensoria Pública da União moveu uma ação civil por danos morais coletiva contra o Magazine Luiza por conta do programa de trainee aberto pelo grupo exclusivamente para candidatos negros.

Mais recentemente, outro caso de repercussão se deu em uma entrevista de Luiza Trajano ao UOL, quando a bilionária afirmou ser “socialista desde os 10 anos de idade” e também a favor de cotas para mulheres e negros.

Em contrapartida, a empresa comemorou nos últimos dias a notícia de que a personagem “Lu, do Magalu” foi eleita a maior influenciadora virtual do mundo.

Por Revista Oeste

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