Caboclo diz que suspensão de Brasil x Argentina demonstra ‘desgoverno’

Presidente afastado afirmou que entidade tem culpa em episódio envolvendo a Anvisa e os argentinos.

Afastado da presidência da CBF desde 6 de junho em virtude de denúncias de assédio sexual e moral, Rogério Caboclo deu sua opinião sobre a suspensão de Brasil x Argentina neste domingo em razão do descumprimento sanitário de quatro jogadores argentinos que fez agentes da Anvisa entrarem em campo para paralisar a partida. Caboclo atacou a atual gestão da CBF ao afirmar que a entidade tem culpa no episódio.

Caboclo disse que a interrupção do clássico sul-americano válido pela sexta rodada das Eliminatórias na Neo Química Arena por violação das regras sanitárias e migratórias “é uma demonstração do desgoverno que tomou conta da CBF” após seu “injusto afastamento”.

O jogo em São Paulo foi interrompido com cinco minutos do primeiro tempo depois da entrada de agentes da Anvisa no gramado. Eles apontaram infrações sanitárias e descumprimento de determinações por parte da Associação do Futebol Argentino (AFA). A partida foi suspensa pela Conmebol posteriormente.

Caboclo declarou que o episódio poderia ter sido evitado se fosse resolvido pela CBF antes da partida, “evitando envergonhar o país e prejudicar as delegações, os patrocinadores e, sobretudo, o torcedor”.

Atacada por Caboclo, a CBF disse horas depois da interrupção do duelo que “ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo”.

O presidente em exercício da entidade, Ednaldo Rodrigues, também criticou diretamente o órgão sanitário pela paralisação da partida. “A Anvisa extrapolou nas suas decisões, poderia ter evitado tudo antes”, declarou o dirigente, antes de afirmar que levou um “susto” com a ação.

Poucas horas após a suspensão da partida, a Anvisa publicou uma nota esclarecendo que se reuniu com representantes da CBF, da Conmebol e da delegação argentina no sábado, e recomendou a quarentena dos quatro jogadores argentinos que não haviam cumprido os protocolos sanitários. Entretanto, os atletas seguiram para a partida. De acordo com o comunicado, Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero, deveriam ter sido colocados em quarentena e mandados de volta ao país de origem, pois mentiram na hora de desembarcar em território brasileiro. Três deles foram escalados entre os titulares pelo técnico Lionel Scaloni e Buendia ficou entre os suplentes.

O dirigente voltou a dizer que foi afastado “sem direito de defesa” e que a entidade concluiu que ele não cometeu assédio. Também afirmou que o retorno do calendário do futebol brasileiro na temporada passada foi bem-sucedido graças a medidas implementadas pela sua administração.

“Na minha gestão, conseguimos voltar com o futebol observando todos os procedimentos preventivos contra a covid-19. Assim, o retorno das competições aconteceu sem problemas, como ocorre também na Europa e com outros esportes”.

O dirigente afirmou que a CBF “precisão de gestão” e que “o grupo que tomou a entidade de assalto, armando meu afastamento, está interessado apenas em retomar o modelo de corrupção que acabou depois que eu cheguei”.

Caboclo foi afastado pela Comissão de Ética da Confederação Brasileira de Futebol por mais 60 dias desde a última terça-feira. Desta vez, o afastamento temporário é por 60 dias e teria como base uma denúncia de assédio moral feita por um diretor da entidade.

Na semana passada, Caboclo foi punido com 15 meses de afastamento por “conduta inapropriada” contra uma funcionária da entidade. O parecer da Comissão de Ética ainda precisa ser apreciado pelos presidentes das 27 federações estaduais em Assembleia Geral, que poderá acatá-lo ou não.

Por Estadão Conteúdo

 

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