Coronavírus poderá se tornar resistente a vacinas? Saiba mais

Da mesma forma que antibióticos não funcionam contra determinadas bactérias, vacinas também correm risco de perderem eficácia contra vírus.

Fernando Mellis, do R7

Enquanto empresas e governos correm para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus que causa a covid-19, com gastos de bilhões de dólares, pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, trazem à tona uma preocupação real.

Alguns vírus são capazes de desenvolver resistência a vacinas, do mesmo modo que alguns antibióticos perdem força contra determinadas bactérias.

O estudo, publicado na revista científica PLOS Biology nesta semana, lista cenários em que uma vacina se torna eficaz.

Os pesquisadores estabeleceram um tripé de condições que são necessários para um imunizante.

Na ausência de um desses pilares, ele estaria suscetível a não funcionar contra o coronavírus, por exemplo.

São eles:

1) “A vacina induz uma resposta imune que protege os hospedeiros ao direcionar múltiplos epítopos [sequências específicas de uma molécula de antígeno] de vírus simultaneamente, gerando assim redundância e proteção evolutivamente robusta.” Neste caso, garante a proteção ao indivíduo vacinado para que não adoeça.

2) “A vacina suprime o crescimento do patógeno dentro dos hospedeiros e interrompe a transmissão de hospedeiros protegidos pela vacina.” Desta forma, a pessoa vacinada não vai espalhar o vírus.

3) “A resposta imune induzida pela vacina protege contra todos os sorotipos circulantes do patógeno alvo”. Um mesmo vírus — não é o caso do coronavírus SARS-CoV-2  até o momento — pode apresentar mais de um sorotipo, como é o caso do flavivírus que causa a dengue, que tem quatro.

Os autores observam que “combinados, estes três recursos tornam a probabilidade de emergência de resistência extremamente pequena”.

“Assim como a terapia antibiótica combinada atrasa a evolução da resistência aos antibióticos, as vacinas que são projetadas para induzir uma resposta imune redundante — ou uma em que o sistema imunológico é encorajado a atingir vários locais, chamados epítopos — na superfície do vírus, atrasam a evolução da resistência à vacina “, exeplica Andrew Read, Evan Pugh professor de biologia e entomologia e diretor do Huck Institutes of the Life Sciences.

“Isso porque o vírus teria que adquirir várias mutações, ao invés de apenas uma, para sobreviver ao ataque do sistema imunológico do hospedeiro.”

O artigo também frisa que a resistência deve ser pensada neste momento de desenvolvimento das vacinas, e não depois.

“É tentador deixar as preocupações evolutivas para depois que a vacina for introduzida. Mas, como vimos no caso da tuberculose e do HIV, a evolução da resistência pode minar rapidamente as intervenções recém-descobertas. Aprendendo com as soluções para os desafios evolutivos anteriores, podemos fazer melhor para a covid-19.”

Para isso, a equipe sugere que as amostras de esfregaço nasal (swab) coletada dos voluntários durante as fases de teste das vacinas sejam utilizada para medir a quantidade de vírus presente, que pode indicar se aquela pessoa tem potencial para transmitir.

A supressão da cadeia de transmissão é apontada como fundamental na diminuição do risco de resistência do vírus, uma vez que minimiza as oportunidades de surgimento de mutações e reduz as oportunidades para a seleção natural agir sobre as mutações que surgem.

Atualmente, dez vacinas em todo o mundo estão na terceira fase de testes clínicos, que é a mais avançada antes de solicitar o registro junto a uma agência reguladora.

No Brasil, quatro candidatas são testadas:

Dentre as potenciais vacinas contra a covid-19 desenvolvidas ao redor do mundo, 47 já estão sendo testadas em humanos e mais de 20 já estão na terceira e última etapa antes de uma possível aprovação por órgãos reguladores – o que representa um passo decisivo rumo à distribuição para a população -, de acordo com a última atualização feita pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 3 de novembro. Quatro desses imunizantes mais avançados passam por estudos no Brasil. Saiba mais sobre cada um deles.

Dentre as potenciais vacinas contra a covid-19 desenvolvidas ao redor do mundo, 47 já estão sendo testadas em humanos e mais de 20 já estão na terceira e última etapa antes de uma possível aprovação por órgãos reguladores - o que representa um passo decisivo rumo à distribuição para a população -, de acordo com a última atualização feita pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 3 de novembro. Quatro desses imunizantes mais avançados passam por estudos no Brasil. Saiba mais sobre cada um deles

Vacina de Oxford: considerada pela OMS a mais adiantada no mundo em termos de desenvolvimento, a vacina desenvolvida em parceria pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca também passa por testes no Reino Unido, Estados Unidos e África do Sul. No Brasil, são 5 mil voluntários. O imunizante tem se mostrado seguro e gerou uma resposta imune forte até mesmo em idosos. segundo o jornal Financial Times. A previsão é que ele seja disponibilizado no SUS (Sistema Único de Saúde) em março de 2021. Inicialmente, serão fornecidas 30 milhões de doses, e grupos mais vulneráveis, como idosos e profissionais de saúde, devem ser priorizados, de acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que fará a produção no país. A vacina é baseada na tecnologia de vetor viral não replicante, no caso, um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés e foi geneticamente modificado com partes do novo acoplaram ao adenovírus partes do coronavírus, a fim de ativar o sistema de defesa do organismo.

Vacina de Oxford: considerada pela OMS a mais adiantada no mundo em termos de desenvolvimento, a vacina desenvolvida em parceria pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca também passa por testes no Reino Unido, Estados Unidos e África do Sul. No Brasil, são 5 mil voluntários. O imunizante tem se mostrado seguro e gerou uma resposta imune forte até mesmo em idosos. segundo o jornal Financial Times. A previsão é que ele seja disponibilizado no SUS (Sistema Único de Saúde) em março de 2021. Inicialmente, serão fornecidas 30 milhões de doses, e grupos mais vulneráveis, como idosos e profissionais de saúde, devem ser priorizados, de acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que fará a produção no país. A vacina é baseada na tecnologia de vetor viral não replicante, no caso, um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés e foi geneticamente modificado com partes do novo acoplaram ao adenovírus partes do coronavírus, a fim de ativar o sistema de defesa do organismo

Foto: Sean Elias / Divulgação via Reuters – 18.4.2020

Coronavac: a vacina foi desenvolvida a partir de uma parceria entre a empresa chinesa Sinovac Biotech e o Instituto Butantan, em São Paulo. As primeiras 120 mil doses chegam dia 20 de novembro ao país, informou o governador de SP, João Doria, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (09). Na mesma ocasião, o secretário estadual de Saúde disse que dados já disponíveis sobre a vacina apontaram que ela é segura e produziu anticorpos contra o coronavírus em quase 98% dos voluntários que a receberam. No entanto, a própria Sinovac admite que a resposta imunológica foi ligeiramente mais fraca em idosos do que em adultos mais jovens. Sua eficácia contra a doença. Além do Brasil e da China, Indonésia e Turquia também participam dos estudos de fase 3. Seis Estados brasileiros estão fazendo testes em 13 mil voluntários – todos profissionais de saúde. Dentre eles, 10 mil já receberam ao menos uma das duas doses da vacina ou placebo, segundo o Butantan. O imunizante é inativado, ou seja, utiliza uma versão morta do novo coronavírus partir de processos físicos e químicos. Assim, não é possível que exista replicação viral. Essa tecnologia é tradicional, usada nos imunizantes contra a gripe e hepatite A, por exemplo.

Coronavac: a vacina foi desenvolvida a partir de uma parceria entre a empresa chinesa  Sinovac Biotech e o Instituto Butantan, em São Paulo. As primeiras 120 mil doses chegam dia 20 de novembro ao país, informou o governador de SP, João Doria, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (09). Na mesma ocasião, o secretário estadual de Saúde disse que dados já disponíveis sobre a vacina apontaram que ela é segura e produziu anticorpos contra o coronavírus em quase 98% dos voluntários que a receberam. No entanto, a própria Sinovac admite que a resposta imunológica foi ligeiramente mais fraca em idosos do que em adultos mais jovens. Sua eficácia contra a doença. Além do Brasil e da China, Indonésia e Turquia também participam dos estudos de fase 3. Seis Estados brasileiros estão fazendo testes em 13 mil voluntários - todos profissionais de saúde. Dentre eles, 10 mil já receberam ao menos uma das duas doses da vacina ou placebo, segundo o Butantan. O imunizante é inativado, ou seja, utiliza uma versão morta do novo coronavírus partir de processos físicos e químicos. Assim, não é possível que exista replicação viral. Essa tecnologia é tradicional, usada nos imunizantes contra a gripe e hepatite A, por exemplo

Foto: Wu Hong/EFE/EPA – 24.09.2020

Vacina da Pifzer com a BioNTech: a empresa americana afirmou, nesta segunda-feira (9), que seu potencial imunizante contra a covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença com base em dados iniciais de um estudo amplo. Além do Brasil e Estados Unidos, Argentina e Alemanha também participam da última fase de ensaios clínicos. Após a divulgação de informações sobre a eficácia do imunizante, o Ministério da Saúde afirmou que analisa a possibilidade de comprá-lo, assim como faz com as outras vacinas que estão em estágio avançado de estudos. A tecnologia utilizada para fabricação foi a de RNA mensageiro (mRNA), que torna o processo mais rápido e fácil, mas nunca foi usada em humanos

Vacina da Pifzer com a BioNTech: a empresa americana afirmou, nesta segunda-feira (9), que seu potencial imunizante contra a covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença com base em dados iniciais de um estudo amplo. Além do Brasil e Estados Unidos, Argentina e Alemanha também participam da última fase de ensaios clínicos. Após a divulgação de informações sobre a eficácia do imunizante, o Ministério da Saúde afirmou que analisa a possibilidade de comprá-lo, assim como faz com as outras vacinas que estão em estágio avançado de estudos. A tecnologia utilizada para fabricação foi a de RNA mensageiro (mRNA), que torna o processo mais rápido e fácil, mas nunca foi usada em humanos
Foto: Dado Ruvic/Illustration/Reuters – 31.10.2020

 

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