Disputas acirradas, viradas e passeios; as eleições estaduais no Piauí nos últimos 40 anos

Nas últimas quatro décadas teve disputas apertadas, vitórias improváveis, viradas e passeios nas urnas.

É consenso no meio político que a disputa pelo governo do Piauí em 2022 é a mais acirrada das últimas duas décadas. A eleição polarizada nos candidatos Sílvio Mendes (União Brasil) e Rafael Fonteles (PT) promete ter emoção até o final da apuração. Faltando 12 dias para o pleito, dificilmente este cenário terá grandes alterações até lá.

O Lupa1 fez um levantamento das últimas 10 eleições estaduais, a partir do pleito de 1982, quando as disputas para governador dos estados voltaram a ser via eleição direta. De lá para cá, o Piauí protagonizou disputas acirradas, viradas históricas e vitórias tranquilas.

HUGO NAPOLEÃO X ALBERTO SILVA
Em 1982, a disputa foi entre o então deputado federal Hugo Napoleão, à época no PDS, e o senador Alberto Silva (MDB), que já havia sido governador na década de 1970 e tentava voltar ao comando do Palácio de Karnak.

Hugo Napoleão derrotou Alberto Silva em 1982

Apesar da fama política de Alberto, ele foi derrotado por Hugo Napoleão, que obteve 393.818 votos, o equivalente a 58,70% dos votos válidos. Alberto alcançou 271.274 votos, atingindo percentual de 40,43%. O candidato José Ribamar (PT) conseguiu apenas 0,87% dos votos.

ALBERTO SILVA X FREITAS NETO
Já em 1986, a disputa não foi tão tranquila. Na época não existia reeleição e o candidato lançado pelo esquema do governador Hugo Napoleão foi Freitas Neto (PFL). O adversário foi Alberto Silva (MDB), que insistia em querer voltar a ser governador.

Em disputa acirrada, Alberto venceu Freitas em 1986

Ao final da disputa, a diferença entre eles foi de apenas 15 mil votos, com a vitória de Alberto Silva. Ele teve 440.218 votos, o equivalente a 49,55% dos votos válidos. Freitas Neto alcançou 425.490 votos, atingindo 47,89% dos votos válidos. O petista Nazareno Fonteles teve 22.791 votos, fazendo 2,56%. Como não tinha dois turnos, Alberto levou a eleição.

FREITAS NETO X WALL FERRAZ
Em 1990 o mecanismo do 2º turno passou a existir nas disputas estaduais, implementado pela Constituição de 1988. Freitas Neto enfim venceu, mas precisou da segunda etapa da eleição. Ele disputou com Wall Ferraz, que havia sido prefeito de Teresina. Freitas quase ganha no primeiro turno, quando alcançou 49,95% dos votos válidos, contra 43,79% de Wall Ferraz. Outros dois candidatos nanicos, Antônio Neto (PT) e Francisco Macedo (PMN), tiveram, juntos, 6%.

Freitas Neto venceu Wall Ferraz em 1990

No segundo turno, Freitas Freitas venceu com 572.243 votos, um percentual de 55,06%. Wall Ferraz teve 467.015, chegando a 44,94% e sendo derrotado na disputa.

MÃO SANTA X ÁTILA LIRA
Em 1994 o Piauí protagonizaria uma das disputas mais acirradas e que entrou para a história. O deputado federal Átila Lira (PFL) era o candidato governista e largou como franco favorito. Seu principal adversário era Mão Santa (MDB), que tinha sido prefeito de Parnaíba. Ao longo da campanha, Mão Santa foi subindo e começou a incomodar a eleição que parecia tranquila para Átila. Subiu tanto que conseguiu levar o pleito para o 2º turno.

Mão Santa virou pra cima de Átila em 1994 e venceu 

No 1º turno Átila terminou na frente com 378.947 votos, atingindo 44,86% dos votos válidos. Mão Santa conseguiu 316.200 votos, com percentual de 37,43%. Os candidatos Nazareno Fonteles (PT) e Marciano Silveira (PRN) tiveram, juntos, pouco mais de 17% dos votos. No segundo turno veio a virada de Mão Santa sobre Átila. Mão Santa teve 615.945 votos, chegando a 55,81%, enquanto Átila acabou derrotado com 487.635 votos, atingindo apenas 44,19%.

MÃO SANTA X HUGO NAPOLEÃO
Em 1998 a reeleição já era permitida e Mão Santa tentou o segundo mandato. Ele enfrentou o então senador Hugo Napoleão (PFL), que já tinha sido governador. Apesar de Mão Santa estar no poder, Hugo era o favorito. No 1º turno o senador saiu na frente e venceu Mão Santa. Ele teve 444.043 votos (43,74%) contra 411.984 votos de Mão Santa, que atingiu percentual de 40,58% dos votos válidos. Chico Gerardo (PSDB) ficou em terceiro com 12,98% dos votos.

Em disputa acirradíssima em 1998, Mão Santa venceu Hugo

No segundo turno, em uma disputa acirradíssima, Mão Santa virou o jogo contra Hugo Napoleão. O governador conseguiu 637.235 votos, contra 613.338 de Hugo, uma diferença de menos de 24 mil votos. Na porcentagem dos votos válidos, Mão Santa venceu com 50,96% contra 49,04% de Hugo Napoleão e conquistou o segundo mandato.

WELLINGTON DIAS X HUGO NAPOLEÃO
Em 2002 o Piauí teve outra eleição que parecia improvável. O governador Hugo Napoleão, que tinha assumido o governo um ano antes após a cassação de Mão Santa, tentava continuar no poder. Ele disputou a eleição contra o então deputado federal Wellington Dias (PT), que começou a disputa desacreditado.

Em 2002, Wellington venceu Hugo Napoleão

Wellington foi crescendo e a disputa ficou totalmente polarizada entre ele e Hugo. Apesar da disputa acirrada, Dias venceu ainda no 1º turno, com 50,96% dos votos. Hugo Napoleão teve 44,07%. Os demais candidatos não chegaram a 6% e por isso a disputou acabou no 1º turno.

WELLINGTON DIAS X MÃO SANTA
Em 2006 a eleição não teve tanta emoção como havia tido as anteriores. Sentado na cadeira de governador e com uma oposição fragilizada, Wellington Dias buscou a reeleição. Seu principal adversário foi Mão Santa, que havia rompido politicamente com ele e se candidatou mesmo sem apoio de parte significativa do seu partido, o MDB.

Em 2006, vitória de Wellington sobre Mão Santa foi tranquila

O resultado era bastante previsível e não deu outra: Wellington ganhou com folga, ainda no 1º turno. O petista teve 954.857 votos, chegando a 61,68% dos votos válidos. Mão Santa teve apenas 391.083 votos, o que correspondeu a 25,26%. Naquele ano, o ex-prefeito de Teresina Firmino Filho (PSDB) ficou em terceiro, com 189.029 votos, o equivalente a 12,22% do total.

WILSON MARTINS X SÍLVIO MENDES
Em 2010 a disputa voltou a ser decidida no 2º turno, o que não tinha acontecido em 2002 e em 2006. Os principais candidatos foram Wilson Martins (PSB), que havia assumido o governo com a renúncia de Wellington para concorrer ao Senado, Sílvio Mendes (PSDB), que renunciou à Prefeitura de Teresina para disputar o governo, e então senador João Vicente Claudino (PTB), que também se lançou candidato.

Wilson Martins venceu Sílvio no 2º turno em 2010

No 1º turno Wilson teve 725.563 votos (46,37%), Sílvio Mendes teve 470.660 votos (30,08%) e João Vicente teve 337.028 (21,54%). No segundo turno, Wilson venceu Sílvio com 58,93% contra 41.07%. Em votos nominais, o placar foi 921.313 contra 642.165.

WELLINGTON DIAS X ZÉ FILHO
Em 2014 a eleição voltou a ser tranquila, decidida ainda no 1º turno. Wellington Dias (PT) enfrentou o então governador Zé Filho (MDB), que havia assumido o governo com a renúncia de Wilson Martins para concorrer ao Senado. Mesmo na oposição, a eleição foi tranquila para o petista, que derrotou Zé Filho ao atingir 63,08% dos votos válidos.

Wellington Dias derrotou Zé Filho em 2014

Zé teve apenas 33,25%. Os demais candidatos, juntos, não chegaram a 6% dos votos. Em votos nominais, Wellington teve 1.053.342 votos, contra 555.201 votos de Zé Filho.

WELLINGTON DIAS X DR. PESSOA
Em 2018 a eleição também foi tranquila. Disputando a reeleição e buscando o quarto mandato de governador do Piauí, Wellington Dias derrotou Dr. Pessoa, à época no Solidariedade, ainda no 1º turno.

Wellington derrotou Dr. Pessoa em 2018

O petista teve 966.469 votos (55,65%), contra 355.792 (20,48%) votos de Dr. Pessoa e 300.549 votos (17,30%) de Luciano Nunes (PSDB). Os demais candidatos não chegaram a 8% do total de votos válidos.

E em 2022, quem será o vencedor? Vai ter segundo turno? Qual será a diferença de votos entre os candidatos. No dia 2 de outubro teremos todas as respostas.

Fonte: Lupa 1

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