Entre rios, desmatamento e sem drenagem: semelhanças entre Teresina e Porto Alegre acendem alerta

A tragédia que já deixou mais de 100 mortos no Rio Grande do Sul têm trazido o alerta a todo o Brasil e o mundo sobre as consequências das mudanças climáticas causadas sobretudo por conta da ação humana. No Piauí, uma das características que chamam a atenção é a condição geográfica semelhante entre Teresina e a capital gaúcha, Porto Alegre: ambas estão localizadas entre rios, têm áreas de lagoas, registram problemas de drenagem e também da redução da vegetação na zona urbana.

O coordenador da Agenda 2030 de Teresina, que é gestor ambiental, Leonardo Madeira, considera que a tragédia causada em decorrência de fenômenos climáticos no Rio Grande do Sul trazem um grande alerta para a capital e para o interior do Piauí em virtude da evidência de que há um desequilíbrio ambiental e porque as cidades não estão preparadas para chuvas com tanto volume.

“O alerta é enorme, eu fiquei lembrando de uma entrevista que concedi há 8 anos, já alertando para esse problema. O estado do Rio Grande do Sul, digamos que foi o escolhido, o sorteado agora, mas acredito eu que todas as cidades do país são elegíveis para passar por essa situação. E Teresina tem uma condição geográfica muito semelhante à de Porto Alegre: é uma cidade banhada por rios, enfrenta problemas graves de drenagem, Teresina tem o ingrediente adicional, além dos dois rios, tem grandes lagoas, a cidade tem perdido sua cobertura vegetal ao logo do tempo, então tem diversos ingredientes que podem tornar essa situação ainda mais difícil”, citou em entrevista à Rádio Cidade Verde.

O pesquisador também lembra que uma característica das mudanças climáticas tem sido a imprevisibilidade da ocorrência dos fenômenos.

“O que a gente tem observado, e a academia tem dito, é que há uma imprevisibilidade, as mudanças climáticas tem trazido isso: a imprevisibilidade dos fenômenos e a frequência ainda maior de fenômenos extremos. A natureza trabalha em ciclos, esperamos chuvas grandes a cada período de recorrência, temos as chuvas dos 10 anos, dos 50 anos, dos 100 anos, a nossa drenagem é projetada em geral para as de 25 anos na sua maioria”, exemplificou.

O analista ambiental também citou que a expectativa é que com o período La Niña, mais chuvas torrenciais aconteçam nos próximos meses na região Nordeste. O gestor também alerta para a necessidade da união de forças para o enfrentamento às mudanças climáticas.

“O enfrentamento às mudanças climáticas necessita uma coalização de todos. Poder público, sociedade civil, iniciativa privada, academia, porque é uma situação muito grave que atinge a todos indistintamente, e a alguma parcela da população em maior gravidade, existe a questão da justiça climática também”, pontuou.

Foto: Divulgação / Prefeitura de Porto Alegre

Crise climática no Rio Grande do Sul

As enchentes atuais do Rio Grande do Sul são consideradas o maior desastre climático enfrentado pelo estado. O último levantamento da Defesa Civil estadual aponta que 417 municípios gaúchos foram afetados, mais de 80% das cidades. O número de mortos chega a 100. Há 128 desaparecidos e cerca de 1,45 milhão de pessoas foram impactadas pelos temporais (deixaram as casas, estão sem comida, sem abastecimento de água, sem luz, estão em abrigos públicos ou casa de parentes e etc).

Clima The2024

A temática das mudanças climáticas será um dos temas discutidos na 2ª Conferência do Clima de Teresina, que acontece nos dias 27 e 28 de maio, das 8h30 às 17h em Teresina.

Fonte: Roberto Araujo/Cidade Verde


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