Família libertada de cativeiro após 17 anos ficava até três dias sem comer

O homem suspeito de manter mulher e dois filhos em cativeiro por 17 anos em uma casa em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, teve sua prisão convertida em preventiva, sem prazo definido, neste sábado (30), após audiência de custódia presidida pela juíza Monique Correa Brandão dos Santos Moreira.

A Justiça atendeu ao pedido do Ministério Público, que argumentou haver “indícios de autoria e materialidade e para manutenção da ordem pública” e o “concreto risco à integridade psicofísica das vítimas”.

Luiz Antonio Santos Silva, 49, foi preso em flagrante na última quinta (28). Na audiência, ele foi representado por um defensor público.

Ao decretar a prisão preventiva, a juíza também citou como argumento a “suposta conduta do agente, que restringiu a liberdade da sua esposa e filhos, privando-os de alimentação e condições mínimas de sobrevivência, submetendo-os, ainda, a intenso sofrimento físico e mental por longos anos”.

A magistrada relatou na decisão que a mulher de Silva, Edna, 40, sofria de fraquezas impostas pelas condições precárias e que os filhos, Gisele, 22, e Wesley, 19, foram encontrados com as extremidades amarradas por cordas. Seus nomes completos não foram divulgados.

“[Edna] informou, ainda, que o custodiado nunca permitiu que seus filhos frequentassem escola e que já teriam ficado até três dias sem comer”, escreve a juíza.
Edna, Gisele e Wesley foram foram libertados do cativeiro pela Polícia Militar após denúncia anônima. O marido e pai das vítimas virou alvo de inquérito na 36ª Delegacia de Polícia, em Santa Cruz, também na zona oeste.

As vítimas foram encontradas com quadro de desnutrição e desidratação grave e ficaram internadas no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, até este sábado.

Em entrevista à TV Globo, Edna relatou que os três apanhavam com fio e tinham seus pedidos de socorro abafados por música alta que o marido colocava quando chegava em casa do trabalho. Segundo vizinhos relataram à reportagem, Silva aumentava o som por volta das 20h e, por vezes, mantinha-o no último volume até o amanhecer, podendo ser ouvido a ruas de distância.

“[A gente] ficava sem comida, sem água e apanhando… Meus filhos, também amarrados, apanhavam de fios e [ele] enforcava a gente também”, relatou a mulher na entrevista.

A irmã de Edna, que pediu para não ter o nome divulgado, disse à reportagem que a vítima e o marido eram primos e que a família nunca apoiou o relacionamento. Segundo ela, Silva apresentava comportamento agressivo e, após o nascimento da filha, decidiu se mudar de casa e proibir que a mulher tivesse contato com os parentes.

Nunca desisti de procurar. Ele não queria contar onde tavam morando”, disse a irmã de Edna.

A reportagem esteve na casa na sexta (29). Pela única janela existente, na parte dos fundos, viu uma cama enferrujada com um colchão manchado. No chão, havia um pote de margarina com líquido amarelo dentro, além de lixos e sacolas espalhados.

Vizinhos relataram à Folha que nos últimos 20 anos foram raríssimas as vezes que viram a mulher e os dois filhos. “A gente sabia que ele tinha a esposa e os filhos, mas nunca via”, disse uma moradora da região que pediu para não ser identificada.

Fonte: Folhapress (Matheus Moura)

 

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