Piauiense doa medula óssea duas vezes em 3 meses para mesma pessoa e vira ‘Super Doador’

Cristiano Neto, de 29 anos, aceitou ser doador de medula óssea duas vezes em três meses para um paciente que mora na Itália. Chance de compatibilidade entre pessoas que não são da mesma família é de 1 para 100 mil.

Por Glayson Costa*, G1 PI — Teresina

O piauiense Cristiano Neto, de 29 anos, doou medula óssea para a mesma pessoa duas vezes em três meses. Tanta dedicação em ajudar rendeu ao rapaz um “diploma honorário”: o certificado de “Super Doador”, além de uma valiosa lição sobre doar esperança, mesmo sem saber a quem. “Passei a ver a vida de outra maneira”, disse.

Neste sábado (19) é comemorado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. No Piauí, em 2020, 32 pessoas foram convocadas, mas somente duas doações foram feitas, segundo o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi).

Super-herói da solidariedade

Piauiense doa medula óssea pela 2ª vez em menos de quatro meses para a mesma pessoa — Foto: Arquivo Pessoal Cristiano Neto

Piauiense doa medula óssea pela 2ª vez em menos de quatro meses para a mesma pessoa — Foto: Arquivo Pessoal Cristiano Neto

A primeira vez que Cristiano doou medula foi para ajudar uma pessoa querida. Ele se cadastrou em 2016, quando precisou doar sangue para o avô de um amigo. Três anos depois, sua medula foi identificada como compatível para um paciente que mora na Itália. A chance de compatibilidade entre pessoas que não são da mesma família é de 1 para 100 mil.

“Me falaram que era para uma pessoa que mora em Genova, na Itália. Eu não posso saber quem é a pessoa, pois a legislação do país dele não permite, e o máximo que eles informam é se a pessoa está bem, mas sexo, idade e a nome não falam”, disse.

Na época, Cristiano não sabia como funcionava o procedimento, mas conta que não pensou duas vezes antes de dizer sim à oportunidade de ajudar. “Em março de 2019, recebi uma ligação informando que eu era compatível com uma pessoa e perguntaram se eu tinha interesse em doar. De cara eu já aceitei”, conta.

Piauiense doa medula óssea pela 2ª vez em menos de quatro meses para a mesma pessoa — Foto: Arquivo Pessoal Cristiano Neto

Piauiense doa medula óssea pela 2ª vez em menos de quatro meses para a mesma pessoa — Foto: Arquivo Pessoal Cristiano Neto

A primeira doação aconteceu em outubro de 2019. Ele viajou até Natal, no Rio Grande do Norte, para fazer o procedimento, que durou aproximadamente 4 horas. Em janeiro de 2020, Cristiano teve de retornar para fazer uma nova doação.

“Não se costuma doar para a mesma pessoa e nem em tão pouco tempo, mas me ligaram pedindo para doar novamente, pois o paciente não teve sucesso no tratamento dele. Eu aceitei”, contou.

Foi por sua disposição de aço em ajudar que Cristiano recebeu do hospital que realizou os procedimentos o certificado de Super Doador, uma forma de inspirar outras pessoas a seguir o exemplo do rapaz.

Dificuldades para encontrar um doador compatível

Hemopi, em Teresina — Foto: Catarina Costa/G1 PI

Hemopi, em Teresina — Foto: Catarina Costa/G1 PI

O diretor do Hemopi, Jurandir Martins, disse que existem no Piauí 93.312 mil doadores de medula óssea cadastrados. Atualmente, o hemocentro busca diversificar o perfil dos doadores para aumentar as chances de compatibilidade e ajudar quem está na fila de espera por um transplante.

“É preciso ter um universo de possíveis doadores com características genéticas para conseguir achar a compatibilidade. A probabilidade é de 1 em 100 mil para os casos não aparentados, que é quando não existe na família um doador compatível”, afirmou.

Redução no número de doadores durante a pandemia

De acordo com levantamento feito junto aos hemocentros de todo o país, que realizam cadastro para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Reome), houve uma redução na procura para se tornar um voluntário a doador em torno de 30%, desde o início da pandemia.

Para o diretor, a queda tem relação com o afastamento das pessoas dos centros de saúde, por medo da contaminação por coronavírus. Por isso, o Hemopi se adequou às aos protocolos de distanciamento e a segurança.

“Instalamos uma cabine de desinfecção na entrada principal do hemocentro, estamos fazendo a sanitização das nossas unidades de forma regular e o doador que chega no Hemopi tem sua temperatura aferida. Não há perigo de contaminação por coronavírus na coleta do tubo”, explicou o diretor do Hemopi.

Requisitos para se tornar um doador de medula óssea
  • Ter entre 18 e 55 anos de idade;
  • Estar em bom estado geral de saúde;
  • Não ter doença infecciosa ou incapacitante;
  • Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico;
  • Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.

*Glayson Costa., estagiário sob supervisão de Andrê Nascimento.

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