Por que os casos da variante ômicron não são notificados no Piauí?

O g1 foi atrás de saber o porquê, mesmo com a explosão de casos Covid-19 em janeiro de 2022, ainda não se tem uma definição de qual variante circula no estado.

O Piauí ainda não divulgou casos de ômicron no estado, embora a nova variante da Covid-19 seja prevalente em quase 100% dos casos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Os registros da doença em piauienses têm aumentado assustadoramente neste primeiro mês de 2022 e, pelo grau de contaminação, especialistas já arriscam dizer que são causados pela ômicron. Porém, oficialmente, as autoridades em saúde ainda não registraram casos com a variante no estado.

O infectologista Carlos Henrique Nery Costa afirma que pela experiência internacional, a variante se torna dominante rapidamente, por isso acredita que 90% dos casos no estado são da nova variante. E alerta que ela, apesar de se apresentar mais leve também pode causar morte.

“Os sintomas da ômicron tendem a ser mais no sistema arbor respiratório superior, atingindo mais a garganta e o nariz e menos pulmonar, embora também tenha lesões pulmonares. Ela está aparentemente mais branda, em grande parte devido ao fato das pessoas estarem vacinadas e consequentemente mais protegidos de casos graves e da imunidade natural adquirida com a variante delta, por isso há essa falsa impressão de ser mais branda”, explicou o médico e pesquisador.

Apesar de não confirmar categoricamente, Carlos Henrique Costa, destaca que de forma geral, pode ser dizer que os sintomas são compatíveis com a Covid e essa “leveza” possa ser relativa à presença da ômicron.

“Supõem-se que devido à menor agressão, à menor virulência seja a ômicron e também por causa da proteção devido à vacinação. Mas ela tem um caráter muito desafiador”, destacou.

Laboratório Central (Lacen) do Piauí — Foto: Secretaria de Saúde do Piauí

Laboratório Central (Lacen) do Piauí — Foto: Secretaria de Saúde do Piauí

Sequenciamento no Piauí

Apesar de ter dois laboratórios no estado capazes de fazer o sequenciamento da Covid-19 e detectar qual variante está atuando no estado, nenhum dos dois fez ainda a identificação de amostras neste ano.

O do Laboratório Central do Estado (Lacen), que já possui o equipamento e passou por treinamento, mas ainda aguarda a autorização para funcionar. O equipamento chegou ainda ano passado e o treinamento da equipe já foi realizada neste mês e aguarda a validação para começar a atuar.

No treinamento, realizado na semana passada, a equipe já fez teste em amostras para sequenciamento da ômicron, mas os resultados foram encaminhados para o Comitê Gestor de Recursos Laboratoriais (CGLab) do Ministério da Saúde e aguarda resposta.

Enquanto isso, o credenciamento para identificar as amostras do Piauí é da Fiocruz, que sequenciou exames até dezembro e destes nenhum tinha resultado positivo pra ômicron, apenas delta. Em todo o mês de janeiro, nenhuma amostra chegou ao laboratório da Fiocruz.

g1 entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Piauí (Sesapi) e aguarda posicionamento sobre as amostras não serem enviadas à Fiocruz.

“Bastam poucas amostras para confirmação da presença da ômicron em nosso estado. O Lacen é o responsável pela triagem e envio de amostras para sequenciamento. Dependemos deles para receber o material devidamente triado e nas condições ideais para o processo. Eu dependo do processamento e liberação de amostras que estão em poder deles para o sequenciamento. Infelizmente não recebo amostras desde dezembro quando foi feito o último. Por isso nos reuniremos hoje para discutir o fluxo de amostras e buscar soluções para os atrasos”, destacou Vladimir Costa, representante da Fiocruz no Piauí.

Por Caroline Oliveira, g1 PI

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