“Acho que me ferrei”, disse sargento da FAB preso com 39 kg cocaína

Testemunhas afirmam que oficial e o sargento eram próximos. O tenente-coronel foi dispensado do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), onde estava lotado, nove dias depois do primeiro depoimento.

Preso em junho com 39 quilos de cocaína ao desembarcar em Sevilha, na Espanha, o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, enviou, no dia em que foi detido, uma mensagem de celular à mulher reconhecendo que teria problemas com a Justiça. “Amor, não manda mais mensagens. Acho que me ferrei”. A informação foi revelada na noite de hoje pelo programa “Fantástico”, da TV Globo. As informações são do UOL. 

A reportagem também trouxe outras informações inéditas sobre a investigação da Polícia Federal sobre o caso. “Meu cliente ainda não foi interrogado. Ainda não se sabe se ele realmente disse que havia queijo na mala. A única declaração dele a respeito do assunto é a de que ele não sabia que tinha cocaína na mala”, afirmou o advogado Carlos Klomfahs ao UOL. “As testemunhas no Brasil afirmaram que ele estava calmo durante a viagem do Brasil até a Espanha. Quem disse que ele se mostrou nervoso foram os agentes da polícia espanhola”, acrescentou o criminalista. 

O advogado afirma que seu cliente alega inocência. “Se ele não sabia o que continha a mala, ele não tinha consciência daquilo, ele não tinha consciência do crime. Então o crime não existe”. Bens incompatíveis O resultado da busca e apreensão no apartamento do investigado revelou que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7 mil e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.

 Os investigadores da PF descobriram também que o militar comprou em maio uma moto por R$ 32 mil. A compra foi feita em dinheiro. A PF avalia que estes são indícios de que o segundo sargento tinha posses acima de seus rendimentos de R$ 7 mil mensais. Klomfahs afirmou ainda que seu cliente recebia muitas diárias por causa das viagens que fazia como comissário de bordo. 

Reprodução

O caso

Rodrigues, que é comissário de bordo, fazia parte de uma equipe de 21 militares que prestava apoio à comitiva que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na reunião do G-20, no Japão. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, ele não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente durante a viagem. 

A droga foi encontrada pela Guarda Civil da Espanha ao vistoriar a bagagem de Rodrigues no aeroporto de Sevilha. O sargento segue preso na cidade espanhola. Além do tráfico de entorpecente, Rodrigues é alvo de um processo administrativo aberto pela Aeronáutica para apurar possíveis irregularidades na ocupação de um imóvel funcional por sua ex-mulher. O apartamento está localizado na Asa Sul, em Brasília. A cocaína encontrada na mala, mochila e porta-terno do militar tinha 80% de pureza. 

Cães farejadores também encontraram traços de cocaína no armário utilizado por Rodrigues na Base Aérea de Brasília. Também foi encontrado um mapa das câmeras do hangar da base que abriga os aviões presidenciais. Tenente-coronel investigado A reportagem do Fantástico afirmou ainda que um tenente-coronel da Aeronáutica foi ouvido no inquérito, já que ele mandou várias mensagens para o celular da ex-mulher de Rodrigues e que também se contradisse sobre o fato de conhecer o investigado. 

Testemunhas afirmam que oficial e o sargento eram próximos. O tenente-coronel foi dispensado do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), onde estava lotado, nove dias depois do primeiro depoimento. Ele apagou de seu celular várias mensagens trocadas com o sargento e foi alvo de um mandado de busca e apreensão. O inquérito da Aeronáutica concluiu que ele não participou do crime de tráfico com Rodrigues, de acordo com o Fantástico.

 

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