Covid: em 45 dias, Hospital de Floriano já deu alta em 100 pacientes graves, diz diretor

Antes da publicação dos estudos pelos pesquisadores ingleses nesta terça-feira (17), o uso de corticóide para tratar os sintomas avançados da Covid-19 já era feito em Floriano, desde o mês de maio, pela equipe médica do Hospital Regional Tibério Nunes. Cerca de 100 pacientes passaram pelo protocolo e tiveram sucesso no tratamento, feito na segunda fase da doença.

Na época, o tratamento era considerado experimental e não havia estudos publicados comprovando a eficácia. Por isso, houve uma divergência entre os médicos entre seguir ou não esse protocolo a partir do momento em que os sintomas inflamatórios eram agravados.

“Desde abril que nós recebemos a informação de que o corticóide seria importante na fase inflamatória, que se desenvolve em sete dias de sintoma dessa doença. Nós estamos aplicando com sucesso desde o começo de maio.  Temos uma experiência de mais de 45 dias, na qual, realmente, ocorreu uma rápida recuperação dos doentes, que usam essa medicação de 3 a 5 dias. Eles usaram na pesquisa outro corticóide em doses menores, porém nós temos usando o injetável com sucesso”, comentou o diretor do hospital, o médico Justino Moreira.

Justino explica que o corticóide reduziu o tempo de internação dos pacientes, conseguindo liberar os leitos mais rapidamente para tratamento de outros doentes.  “Tanto é que hoje eu tenho menos de 25% dos leitos ocupados. Só temos um paciente em ventilação mecânica”. O médico ressalta que é no momento inflamatórios que muitos pacientes recorrem ao atendimento hospitalar.

Uso orientado

O diretor ressalta que a adoção desse protocolo foi adotado a partir da liberação dos conselhos de saúde para que os médicos pudessem exercer a Medicina sem intervenções, com a possibilidade de prescrever o que julgavam ser o melhor tratamento aos pacientes. Além disso, ele esclarece que a população não deve se automedicar. Justino Moreira destaca que a medicação deve ocorrer por meio de orientação médica. Os pacientes que passaram pelo tratamento com corticóide teve acompanhamento médico e hospitar. O médico deve avaliar o paciente, recomendar a dosagem e tempo de uso correto, para evitar qualquer agravamento. Por isso, as pessoas ao sentirem sintomas  da Covid-19 devem procurar orientação médica.

Da Itália para o Piauí

Justino Moreira comenta como o protocolo, que saiu da Itália, chegou até Floriano.

“Com a experiência que começou na Itália, percebeu-se que nessa doença os pulmões vão ficando duros com dificuldade de ventilação, depois da inflamação ocorria o processo de fibrose. Eles perceberam que usando corticóide havia a melhora em alguns pacientes. Isso foi sendo adaptado: as doses inicialmente eram altas e foram diminuindo até as doses que se usam hoje. Então, essa experiência da Itália passou pra Espanha. A gente recebeu essa informação de uma médica florianense que mora na Espanha”.

O diretor acrescenta que a equipe médica fica feliz por ter a coragem de ter adotado um procedimento experimental, agora comprovado com estudos. “A gente percebeu a melhora muito rápida a beira leito usando essas medicações. Então, foi muito fácil ganhar a equipe para que adotasse essas medicações. Agora, a ciência conseguiu documentar  isso por meio dessa pesquisa que ocorreu em Oxford. A gente está feliz porque nesse período já foi quase 30 pacientes tratados, que se beneficiaram desse tratamento. Foi importante a gente ter a coragem de (adotar esse protocolo e) fazer apesar dos estudos não terem na época conseguido documentar. Agora sim conseguimos comprovar o benefício do corticóide nessa doença”.

Em nota, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns da Cunha, comemorou a divulgação do tratamento. “Temos o primeiro tratamento farmacológico para COVID-19 que mostrou impacto em reduzir a mortalidade! Finalmente temos uma boa nova. Como temos insistido desde o início da pandemia de COVID-19, os estudos clínicos randomizados e com grupo controle é que devem nortear nossa conduta de como tratar COVID-19”. diz a nota.

 

Carlienne Carpaso/Cidadeverde

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