Deputado do PT repudia invasão de indígenas a fazenda de amigo e é criticado pelo MST
Zeca do PT, deputado estadual em Mato Grosso do Sul, disse que a ocupação é uma ‘barbaridade’ e foi atacado pelo movimento
O deputado estadual Zeca do PT, ex-governador de Mato Grosso do Sul, condenou a invasão de uma propriedade rural na cidade de Rio Brilhante por indígenas e foi criticado pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST). Desde a semana passada, famílias das etnias kaiowá e guarani ocupam a fazenda, que pertence a um amigo do parlamentar.
Em discurso durante a sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul na última quinta-feira (9), Zeca repudiou o movimento. “É uma barbaridade o que se está fazendo com o companheiro, amigo Raul, em sua propriedade em Rio Brilhante”, afirmou o deputado.
“De um lado, porque não se tem nenhum estudo antropológico definido para dizer que é terra indígena, e, do outro, dois ônibus com aproximadamente 80 indígenas ‘derramados’ lá, agora trancaram o portão, ocuparam a sede da fazenda de 400 hectares, proibindo Raul e sua família de tirar de lá aproximadamente 7.000 sacas de soja que foram colhidas”, acrescentou o petista.
Na fala, o deputado também revelou ter externado o seu desconforto com os movimentos do MST em Mato Grosso do Sul à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Na minha ida a Brasília, fiz questão de dizer às autoridades do governo Lula, com quem dialoguei a preocupação com o que está acontecendo em Mato Grosso do Sul. É uma vergonha, e quero nesta Casa me manifestar como deputado do PT. Não contem comigo essa gente que, sem nenhuma razão, ocupa e invade propriedades produtivas, gerando insegurança jurídica e correndo um risco de consequências que a gente não tem dimensão do que pode acontecer”, reclamou.
As falas do deputado não agradaram ao diretório do MST no estado. “A declaração pública realizada pelo deputado é inadmissível e explicita as contradições não resolvidas dos problemas agrários do Brasil”, afirmou a entidade em nota.
“Repudiamos quaisquer tentativas de criminalização de movimentos de retomada de territórios indígenas. Seguimos reafirmando nosso compromisso na defesa do direito à terra, à moradia e à reforma agrária e reiteramos nossa solidariedade a todos os povos indígenas que sofrem sistematicamente a violação de seus direitos”, completou o MST.