Exército decide não punir Pazuello por participação em ato com Bolsonaro

Ex-ministro participou de desfile de motocicletas no Rio

Apesar das especulações de políticos e segmentos da imprensa, o Exército Brasileiro informou na tarde desta quinta-feira (03) que não haverá punição ao general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, pela participação em um evento ao lado do presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, dia 23 de maio. O presidente e o general eram convidados de um clube de motociclistas, que promoveu um gigantesco passeio pela cidade.

O comandante do Exército,  Paulo Sergio Nogueira, acolheu os argumentos de Pazuello e avaliou que  “não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar” por parte do general. Dessa forma, o processo disciplinar acabou sendo arquivado.

“Acerca da participação do General de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello”, diz nota divulgada pelo Exército.

A participação de Pazuello no evento teria contrariado decreto nº 4.346/02, que aborda o Regulamento Disciplinar do Exército. No item 57 do Anexo I é classificado como transgressão o ato de “manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”. Pazuello não teria autorização para participar do ato ao lado de Bolsonaro.

Na sua defesa, Pazuello argumentou que o ato não era evento político. Segundo general, nem poderia ser “político-partidário” porque o país não está em período eleitoral e o presidente Bolsonaro não é, até o momento filiado, a partido político. Pazuello também afirmou que o ato não passou de um passeio de moto, embora tanto ele quanto Bolsonaro tenham subido num caminhão de som para falar a apoiadores, como se estivesse em um comício.

Apesar de ter se livrado do procedimento disciplinar no Exército, Pazuello ainda acumula problemas. No momento, ele é investigado pela Polícia Federal por conta de decisões e omissões quando estava à frente do Ministério da Saúde, especialmente o caso da falta de oxigênio em hospitais de Manaus.

Pazuello comandou o ministério da Saúde entre maio de 2020 e março deste ano, e sua gestão foi alvo de críticas. Quando o general assumiu a pasta, o Brasil acumulava 233 mil casos e 15.633 mortes associadas à covid-19. Quando o substituto do general na pasta foi anunciado, o número de casos passava de 11,5 milhões, e o de mortes se aproximava de 280 mil, com o país ocupando o segundo lugar entre as nações com mais óbitos na pandemia. Pazuello também deixou o cargo sem garantir vacinas suficientes para a população.

Mesmo com um histórico de gestão criticado à frente da Saúde, o general foi nomeado na última terça-feira para um cargo dentro da Presidência da República. Ele exercerá o cargo de secretário de estudos estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, que fica no Palácio do Planalto e é comandada por Flávio Rocha, almirante da Marinha.

Por | agência alemã Deutsche Welle

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