Haddad diz que decisão do BC de manter Selic a 13,75% é ‘preocupante’

Segundo o ministro da Fazenda, atual patamar da taxa de juros pode comprometer o resultado fiscal do país

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (22) que é “muito preocupante” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, em 13,75% ao ano. Ele ponderou que a taxa é uma das altas do mundo e pode comprometer o crescimento econômico do país.  R7

“Considerei o comunicado do Copom muito preocupante. Em um momento em que a economia está retraindo e que o crédito está com problemas, o Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo. Nós lemos com muita atenção e consideração, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”, declarou o ministro.

Haddad afirmou que vai enviar ao Banco Central as considerações do governo federal sobre o atual patamar da Selic. “A depender das futuras decisões, elas podem comprometer o resultado fiscal. Vamos fazer chegar ao Banco Central nossa análise do que é mais recomendável para a economia brasileira encontrar o equilíbrio. O equilíbrio da trajetória da dívida, da inflação, das contas públicas, do atendimento às demandas sociais”, disse.

“Esse conjunto de fatores precisam ser considerados segundo a própria lei que dá autonomia do Banco Central, para que tenhamos melhor trajetória que traga mais bem-estar para o trabalhador, para as famílias, para as empresas e para o Estado brasileiro. É um comunicado preocupante porque abre perspectivas que não são as desejadas por nós”, completou Haddad.

O Copom disse que a decisão de manter a Selic a 13,75% é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, justificou o comitê.

Políticos reclamam

O anúncio do Banco Central também foi criticado por outros políticos do PT. Presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) contestou a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Roberto Campos, explica: como empresários podem captar recursos com os maiores juros do mundo? Como investir se o dinheiro aplicado rende 8% reais? Você não entendeu seu compromisso com o Brasil? Seus juros só beneficiam rentismo e quem não produz. Sua política monetária já foi derrotada”, reclamou.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou a decisão do Banco Central de “covardia”. “Não estão preocupados com o Brasil e o povo brasileiro. Estão agindo de forma irresponsável para aumentar recessão, desemprego e sabotar o governo do presidente Lula. Temos que reagir contra isso.”

O deputado Zé Neto (PT-BA) reforçou as críticas. “Quem está pensando que isso afeta apenas o governo esquece em que país está vivendo. Enquanto, no Brasil, o mercado consumidor for menos importante do que o mercado financeiro nós não seremos uma nação que possa progredir e se dar o respeito para olhar frente a frente a nossa gente, principalmente a mais humilde, com a dignidade que a nossa gente merece.”

 

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