A constrangedora entrevista de Marcos Braz. Que se nega a deixar o Flamengo

Dirigente do Flamengo, que brigou com torcedor em um shopping, deu entrevista coletiva. Jurou que sofreu ameaças de morte do torcedor, antes de brigar. Não lembra se o mordeu. E disse que não pedirá demissão

COSME RÍMOLI | Do R7

Uma das mais constrangedoras cenas de um dirigente de futebol no Brasil.

O vice-presidente de Futebol do Flamengo, Marcos Braz, sentou na sala de coletiva do Ninho do Urubu.

Agiu como um réu.

Deu sua versão da vexatória briga com o torcedor Leandro Campos, no Barra Shopping, na terça-feira (19).

E também como vereador do Rio de Janeiro, que não foi trabalhar na Câmara Municipal, preferindo comprar um presente para sua filha de 15 anos.

Marcos Braz passou momentos vergonhosos, como não se lembrar de ter mordido, ou não, a virilha de Leandro. O IML apontou “sinais de mordidas humanas no alto da coxa direita”.

Afirmou que não vai pedir demissão do cargo de vice de futebol, apesar dos seguidos fracassos em 2023. E do incidente constrangedor no shopping. Até porque Braz sonha em um dia presidir o Flamengo.

O resumo da situação: ele seguirá no cargo, com o apoio do presidente Rodolfo Landim.

Não vai pedir demissão.

Disse que sofreu ameaça de morte, perto da filha, que o acompanhava na joalheria Pandora, onde tudo ocorreu.

Deixou claro que processará Leandro.

E que tem certeza de que foi tudo premeditado.

Quando membros das organizadas souberam que ele estava no shopping, foram para lá para interpelá-lo. Para agredi-lo.

Amanhã, novo capítulo da vexatória situação.

Leandro Campos, o entregador que se envolveu na confusão, dará a sua coletiva.

“Ele falar faz parte do ‘game'”, ironizou o dirigente.

Os principais pontos do depoimento de Marcos Braz.

“Viemos para esclarecer alguns fatos e situações. Reportagens que foram feitas e que não procedem com o fato. Acho que com o tempo as verdades vêm aparecendo. Eu anteontem [terça] fui no Barra Shopping comprar um presente para a minha filha.

“Minha filha fazia 15 anos no dia seguinte. Minha filha não mora comigo, mora com a mãe. Ela chegou ao shopping com a mãe, e eu cheguei depois. Parei para tomar um café e falei rápido com minha filha.

“Imagine ela, com 14 anos e mais duas amigas, e eu fui para uma determinada loja para comprar um presente para ela. Quando eu estava dentro da loja, conversando com a vendedora no fundo da loja, dois ou três homens e mais algumas pessoas no fundo começaram a questionar, começaram a fazer cobranças, e aconteceram vários eventos. Nesse momento, que durou alguns minutos, não abri a minha boca. Não falei absolutamente nada. Todas as cobranças e algumas ameaças, eu não abri a minha boca. Por quê? Tinha um casal com um recém-nascido. Tudo que estou falando aqui vai estar nas imagens.

“Volto para a loja, e duas ou três pessoas filmando. Eles fizeram de tudo, e eu não abri a minha boca. Eles foram embora. Continuei lá. Falei: ‘Segue aí’. Uma pessoa de outro time falou: ‘Braz, é isso mesmo que vocês passam?’. Disse: ‘É isso mesmo’. A esposa dele estava nervosa. Minha filha chega junto com duas amigas, e eu ainda comentei com a pessoa ao lado: ‘Graças a Deus não estavam aqui’.

“Minha filha me beija, me abraça, eu brinco com ela, e ela vê o pingente que ela quer. Posteriormente, ela decide o que queria e diz: ‘Pai, vou ver o que quero na vitrine’. Elas ficam em frente à loja, um pouquinho à direita. E aí chega o rapaz que deu problema. Ele chega e começa as ameaças. Dessa vez de maneira diferente. Tanto que nas gravações que esses dois ou três fizeram não aparece eu falando da minha filha ou discutindo com eles. Para esse rapaz, e minha filha estava ao lado (também vai aparecer nas filmagens). Outros irresponsáveis de grandes canais falando que eu estava com segurança…

“Mas vou voltar ao que me interessa. Aí vem o cara, e eu falo: ‘Minha filha está aqui do lado’. E ele falando, falando, falando. A filha via o pai sendo ameaçado de morte, fui na direção dele e falei sistematicamente que a minha filha estava ali.

“A última frase: ‘F…-se a sua filha’. O final vocês viram. Eu tenho o problema lá. Os fatos foram postados rapidamente. Parece que fizeram a conta: 40 segundos. Preciso abordar o tema.

“Eu saio passando a mão no nariz e saio procurando a minha filha. Qual foi meu cálculo rápido? Eu não vou para o meu carro porque não tenho segurança, e ele não estava perto. Por eu não estar com segurança, e por o Flamengo não me dar segurança, eu volto para a loja.

“Antes de eu subir para o mezanino da loja, já estava viralizada. Fiz um comentário para o cara da loja: ‘Se a gente tivesse entrado na porrada e você tivesse algum problema, eles já estavam longe’. Como o final não foi muito bom como o rapaz achava que ia ser, eu preferi não sair porque eles iam chamar mais gente.

“Iam chamar mais na internet. Eu chego, fico dentro da loja, e chegam dois policiais militares e perguntam como eu estava. Eles dizem que eu tinha de ir para a delegacia. ‘Está explodido na internet, e a gente foi acionado’. Perguntou se eu queria ir para o hospital, mas eu tive um cortezinho.

“Fui para a delegacia e lá eu prestei os esclarecimentos. Deixei claro na delegacia as ameaças de morte. Claras as ameaças junto à minha filha. Fui ao IML [Instituto Médico-Legal] e fui para casa para tocar a vida de novo.

“Queria deixar claro que quando eu aceitei o cargo de vice-presidente do Flamengo, até por ser criado dentro da Gávea e desse ambiente, eu tinha noção clara do que é ser VP de futebol. Eu sei da pressão, dos questionamentos e das situações políticas. Sei que os resultados às vezes não vêm, os resultados esportivos não vêm. E os jornalistas que passaram esses cinco anos aí podem falar tudo de mim, mas acho que são testemunhas fortes de que jamais tive problema com torcedor, jamais fiz banana para o torcedor. Eu convivo bem com essa pressão. Às vezes a pressão é acima do tom, mas eu estou acostumado com isso.

“Vocês [da imprensa] têm que acreditar em mim. Eu fui ameaçado e ameaçado de morte ao lado da minha filha. Eu sou preparado para estar no cargo. Para isso eu não me preparei, talvez eu tenha tido uma atitude diferente. Para ser ameaçado do lado da minha filha, e ela sendo ameaçada também verbalmente, in loco, é diferente também.

“Não estou diminuindo a gravidade. Uma coisa é ser ameaçado de internet, outra coisa é um maluco com cara de transtornado falando que vai te matar e dizendo que a cobrança será diferente se os resultados de domingo não forem positivos.

“Peço desculpas pelo transtorno que causei. Peço desculpas a pares da diretoria e à torcida do Flamengo. Peço desculpas por não ter me preparado para ser ameaçado por torcida na frente da minha filha.

“Eu não tinha nenhuma segurança comigo. Os seguranças que apareceram lá são do shopping. Não foi dessa vez, mas vai ter uma tragédia no futebol.

“Depois que eu falei a última frase que ele falou, eu me lembro de pouca coisa [referindo-se à mordida na virilha do torcedor].

“Sou vítima, sou vítima, sou vítima. Sou vítima sendo vereador, sendo primeiro suplente de deputado federal, sendo VP de futebol. Não tenho vergonha de ser vítima. Vocês têm que acreditar em mim. Sistematicamente eu sou xingado por torcedor, e repito que nunca fiz banana pra torcedor.

“Vá à internet. É sistêmica a premeditação. O vídeo foi postado 30 ou 40 segundos depois do negócio. Lógico que todo mundo tem um celular, mas o próprio primeiro vídeo em que falei que cobraram e fizeram um monte de situações eu não retruco. Esse vídeo está postado. Eu não preciso falar que estava premeditado, estava na internet três dias antes.

“A Justiça pode entender que não teve ameaça e que sou louco.

“Eu vou respeitar qualquer decisão da Justiça.”

Marcos Braz se incorporará à delegação que virá a São Paulo, para a decisão da Copa do Brasil, no domingo (24), no Morumbi.

A segurança dele e do time será reforçada.

O medo é dos próprios torcedores flamenguistas…


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