Exame da perícia aponta que músico não morreu por disparo de arma de fogo
Diretor do IML disse que não foi encontrado ferimento provocado por tiro e que o corpo possuía várias lesões internas, além de fraturas
A perícia da Polícia Civil, através do diretor do Instituto de Medicina Legal (IML), não constatou a presença de marcas de tiros no carro e nem no músico Carlos Henrique, de 24 anos, que acabou morrendo na madrugada de quinta-feira (30). O jovem estava em um carro de aplicativo quando houve a colisão com outro carro que levava criminosos que estavam sendo perseguidos por uma viatura da Polícia Militar. Testemunhas relataram que após a colisão, houve troca de tiros entre os policiais e os criminosos e que o músico teria sido atingido por um dos disparos.
O QUE DISSE O DIRETOR DO IML, DR. ANTÔNIO NUNES?
O Diretor do IML, Dr. Antonio Nunes, disse ao Piauí Bom Dia, que não foi encontrado nenhum ferimento provocado por disparo de arma de fogo no corpo do músico Carlos Henrique. Ele ainda falou que durante a perícia, foram constatadas várias lesões internas, provocadas pela colisão entre os dois veículos.
“O que eu vou falar é científico, é o que a perícia fez, sem subjetividades e sem olhar para nenhum dos lados. Houve essa morte, e o SAMU anotou algumas coisas que iam nesse sentido. Então, essa anotação e os relatos de pessoas que estavam no local que falaram sobre tiroteio, levou-se a essa conclusão. Só que no IML, a gente verifica todo o corpo, as condições são diferentes do local do fato, e no corpo da vítima não foi encontrado nenhum ferimento provocado por arma de fogo, zero perfuração. A vítima tinha lesão no pulmão, lesões nas costelas, edemas no cérebro, eram várias lesões internas, e elas são comuns quando o corpo é submetido a uma inércia instantânea, como no caso de uma forte colisão entre dois veículos”, disse o perito.
O QUE DISSE O DELEGADO BARETTA?
Em entrevista na manhã desta sexta-feira (31), no programa Piauí Bom Dia, da TV Meio, o coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Francisco Costa, o Baretta, disse que recebeu, de forma oficiosa, a informação de que a causa morte do músico teria sido provocada pela colisão entre os dois veículos e não por disparo de arma de fogo.
“Fomos informados que um indivíduo tinha colidido o carro, que houve um tiroteio e que uma pessoa estava morta, após ser socorrida e levada ao HUT. Seguindo o que manda a lei, qualquer perseguição, qualquer intervenção policial com resultado em morte, o DHPP deverá investigar em toda sua extensão. Designei um policial que foi até a Central de Flagrantes e colheu o depoimento dos policiais militares envolvidos na ação, bem como do motorista de aplicativo. Nós também tomamos conhecimento, oficiosamente, de que a causa morte da vítima teria sido em consequência da colisão entre os veículos. Ele tinha lesões tanto no crânio como na região torácica, e eu só posso confirmar isso quando eu receber o laudo, essas informações são oficiosas, esse laudo ainda não está em minhas mãos e com esse documento nós vamos fazer todo uma avaliação, para nesse lastro, saber se a gente vai chamar novamente para ouvir as pessoas que estavam no local, que foram entrevistadas, o fato é que temos que fazer as coisas com firmeza, a polícia pode até pecar por ação, mas nunca por omissão”, disse Baretta.
DELEGADO FALOU SOBRE CORPORATIVISMO
Baretta também falou que nesse tipo de caso não há corporativismo, pode ser qualquer ente do sistema de segurança publica, haverá a apuração dos fatos e se dará uma resposta à sociedade.
“Pode ser um policial civil, militar, penal, qualquer ente do sistema de segurança pública, a determinação legal recomenda aos governos estaduais que adote as providências juntos às polícia investigativa, e a polícia civil recebe a missão e de maneira nenhuma nós seremos omissos, mas também não vamos atribuir um fato a pessoas ainda não delimitado pelo laudo pericial, há uma notícia oficiosa, o laudo deve logo estar no sistema, quando chegar, a gente vai verificar se a investigação continua no DHPP ou, se foi um acidente, se vai para uma unidade especializada naquilo”, finalizou o delegado.
A Polícia Militar do Piauí emitiu uma nota sobre o caso. “Por meio do Comando de Policiamento Metropolitano e da Corregedoria, informa que está acompanhando e apurando todos os fatos acerca da ocorrência policial que resultou na morte de um civil, a fim de esclarecer as responsabilidades e adotar todas as medidas cabíveis”, diz a nota.
O QUE DISSE O PAI DA VÍTIMA?
Em entrevista exclusiva ao programa Patrulha da TV Meio, o pai do músico Carlos Henrique, supostamente vítima de uma bala perdida durante uma perseguição policial, apontou que o filho foi morto a queima-roupa por policiais.
“Estas informações que recebi é tudo ao contrário, foi tudo errado, tudo ao contrário, cheguei lá no local e meu filho que estava dentro do carro morto, com um tiro à queima-roupa, meu filho foi morto com tiro à queima-roupa dentro do carro, meu filho foi tirado pra fora do carro e jogando pra fora como cachorro. Agora quem matou meu filho? Por quê?. Por que o policial estava preso lá na central de flagrantes?”, disse.
Pai do músico Carlos Henrique, supostamente vítima de uma bala perdida durante uma perseguição policial | Reprodução / TV Meio
Carlos Batista ainda destacou que ao chegar na Central de Flagrantes de Teresina, um dos assaltantes preso no local, apontou que o filho foi morto por policiais. Além disso, Carlos foi supostamente sido impedido de fazer fotos do corpo da vítima.
“Eu cheguei lá (na central) tinha dois bandidos lá e outro no HUT, aí o bandido chegou e apontou ‘olha quem matou teu filho foi o policial’. Aí eu fui tentar tirar umas fotos do meu filho e não deixaram eu entrar, tirei umas fotos e mandaram eu apagar todas as fotos. Meu filho foi morto dentro do veículo, eu tenho como provar que meu filho estava dentro e eles chegaram atirando”, disse.
PEDIU POR JUSTIÇA
O pai da vítima disse que tem como provar que o filho foi morto no veículo, e não fora, como havia sido apontado anteriormente. Carlos finalizou destacando que o Instituto Médico Legal (IML) foi até o local e não fez o recolhimento do corpo.
“Quero pedir em nome de Jesus uma resposta, porque eu nunca quero que fique impune. Por que o policial está lá preso? por que que o bandido foi solto? ele estava com algema na mão, não estava com um ferimento de nada, por quê?. Eu quero justiça com meu filho, o IML foi e voltou, aí depois o SAMU já veio pegar meu filho morto. Ele estava lá morto, ali foi praticamente atirador de elite”, finalizou.
Fonte: Meio News
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