Justiça dá 10 dias para Agespisa retomar abastecimento em São Raimundo Nonato; cidade sem água há 23 dias
Os moradores estão sem água nas torneiras desde 15 de agosto, dia do apagão nacional que atingiu todas as unidades da federação, exceto Roraima. A falta d’água também afeta moradores de Anísio de Abreu e Bonfim do Piauí.
Uma nova decisão da Justiça reduziu o prazo que havia sido dado para a Agência de Águas e Esgotos do Piauí (Agespisa) retomar o abastecimento de água em São Raimundo Nonato: o prazo anterior, de 60 dias, foi reduzido para 10 dias a contar de 5 de setembro.
Justiça reduz prazo para que Agespisa retome abastecimento em São Raimundo Nonato; cidade está sem água há 23 dias — Foto: Arquivo pessoal
Ao g1, a Agespisa informou que vai se manifestar sobre a decisão apenas no processo, e que continua trabalhando para reestabelecer o abastecimento de água da cidade. Leia o comunicado completo da Agespisa abaixo.
Os moradores de nove bairros da cidade estão sem água nas torneiras desde o dia 15 de agosto, quando aconteceu o apagão nacional que atingiu todas as unidades da federação, exceto Roraima. A falta d’água também afeta moradores de Anísio de Abreu e Bonfim do Piauí.
A decisão assinada pelo juiz Caio Cézar Carvalho ordena que a empresa regularize o fornecimento de água e custeie os serviços de carros-pipa para a população, sob pena de multa diária de R$ 5 mil. O limite da multa é R$ 100 mil.
O juiz escreveu que mudou o prazo anterior porque a nova petição, assinada pelo Ministério Público, traz informações novas que demonstram que o serviço é deficiente na cidade há 13 anos.
“A nova petição e os documentos que a seguem evidenciam, todavia, que a requerida tem atribuído às mais diversas causas a deficiência experimentada pela população e dado prazo para a regularização, sem assumir qualquer responsabilidade ou mesmo cumprir os próprios prazos“, escreveu o juiz.
Leia abaixo o comunicado da Agespisa sobre a situação:
Sobre o problema de abastecimento de água em São Raimundo Nonato a Agespisa informa:
Ao retornar do apagão de energia ocorrido no dia 15/08, três equipamentos do sistema haviam sido queimados, sendo dois dos poços e um de recalque.
O do recalque foi substituído e está funcionando. Dos dois poços, um foi substituído, mas não funcionou. Foi retirado e instalado outro, que também não funcionou.
Enquanto isso, a empresa está se utilizando de carros pipa para amenizar o problema de abastecimento nesses bairros críticos e os técnicos da oficina eletromecânica da Agespisa continuam trabalhando em tempo integral para recuperar os equipamentos danificados, que são máquinas de alta potência e difícil manuseio, dificultando ainda mais o trabalho, a fim de solucionar de vez o problema.
Em relação à decisão judicial, o assunto está em análise pela assessoria jurídica da empresa, que vai se manifestar somente no processo.
Falta d’água após apagão
No dia 4 de setembro, após 20 dias sem abastecimento de água, moradores de São Raimundo Nonato se reuniram diante do escritório da Agespisa na cidade para protestar e exigir o retorno dos serviços.
A Agespisa informou que os problemas foram causados pelo apagão que atingiu 26 estados brasileiros no dia 15 de agosto.
Por conta do apagão, três equipamentos teriam sofrido curto-circuito: os motores de dois poços e um recalque, um equipamento usado para transferir água de um ponto para outro mais elevado, e causou ainda diversos vazamentos nas tubulações.
Pilhas de louças e roupas sujas
Moradores de cidades do PI sofrem com falta d’água após curto-circuito provocado pelo apagão nacional — Foto: Reprodução
Diante da situação, a população tem comprado água,m garrafões de água mineral e galões vendidos em carros-pipa. A água é vendida por R$ 60 a R$ 70 o galão de 500 litros.
Segundo Ravena Ribeiro, que está no oitavo mês de gestação, o galão de 500 litros dura apenas 2 ou 3 dias.
No bairro Baixão da Guiomar, a autônoma Thais Dayan mostrou a pilha de roupas e louças sujas que cresce diariamente por falta de água para lavar.
“A maioria da população está passando por uma situação de calamidade. Nas torneiras não cai uma gota de água. […] Tenho vizinhos que há dias não conseguem levar as crianças para a escola, sem ter como dar banho nas crianças.”
Fonte: Andrê Nascimento, g1 PI
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