Polícia prende empresário, tio e primo suspeitos de torturar e matar adolescentes em Teresina

Segundo a polícia, os três participaram do crime e devem responder por duplo homicídio triplamente qualificado, cárcere privado, ocultação de cadáver e fraude processual.

A Polícia Civil do Piauí, por meio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), prendeu nesta terça-feira (8) o empresário João Paulo Carvalho, o tio dele, o servidor público Francisco das Chagas Sousa e o primo, o advogado Guilherme de Carvalho. Eles são suspeitos de torturar e matar os adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira e Anael Natan Colin.

Segundo a polícia, os três participaram do crime contra os jovens e devem responder pelos crimes de: duplo homicídio triplamente qualificado, cárcere privado, ocultação de cadáver e fraude processual.

A polícia já havia informado que havia cinco suspeitos do crime, da mesma família. Dias depois, a defesa da família informou ao g1 que o crime foi cometido pelo empresário João Paulo Carvalho – que já chegou a ser preso pelo crime – e o primo, o advogado Guilherme de Carvalho.

Polícia prende pai e filho suspeitos de matar adolescentes em Teresina — Foto: Andrê Nascimento/g1

Polícia prende pai e filho suspeitos de matar adolescentes em Teresina — Foto: Andrê Nascimento/g1

A versão foi apresentada ao g1 pelos advogados Lúcio Tadeu e José Vinícius Farias. Segundo a própria defesa, os dois teriam levado os adolescentes para o local do crime e matado os dois a tiros.

Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, e Anael Natan Colins, de 17 anos, foram encontrados mortos em 15 de novembro, na zona rural Leste de Teresina, após ficarem dois dias desaparecidos. Segundo amigos dos adolescentes, eles teriam ido para uma festa em um sítio vizinho à casa do servidor público preso hoje.

 Anael Natan Colins, de 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, foram encontrados mortos — Foto: Reprodução/WhatsApp

Anael Natan Colins, de 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, foram encontrados mortos — Foto: Reprodução/WhatsApp

O advogado disse que a decisão de trazer a nova versão à público foi tomada após uma reunião entre os familiares, as pessoas envolvidas no caso: o servidor público dono da casa que os adolescentes teriam invadido (que chegou a assumir a autoria do crime em depoimento) e sua esposa, o advogado Guilherme de Carvalho, filho do servidor público, o empresário João Paulo Carvalho, sobrinho do servidor público e Amauri Mendes, cunhado de João Paulo.

Nova versão

Na nova versão, apresentada pelos advogados Lúcio Tadeu e José Vinícius Farias, eles informaram que os dois adolescentes invadiram o terreno do sítio do tio e da tia do empresário na noite do crime. No local estava ainda o filho do servidor, primo do empresário que também participou do crime.

A intenção dos adolescentes ao invadir o terreno ainda não foi esclarecida pela Polícia Civil. A invasão foi logo percebida pelo servidor público e o filho. Eles encontraram os adolescentes e conseguiram dominar os dois.

Em seguida, o servidor ligou para o sobrinho João Paulo, e pediu ajuda dele para lidar com a situação. João Paulo chegou à casa logo depois em sua caminhonete, acompanhado pelo cunhado.

Os envolvidos teriam relatado, segundo o advogado, dificuldades em acionar a polícia para que levassem os adolescentes.

Aqui, o relato mudou totalmente em relação à versão anterior apresentada. Ele disse que, ao chegarem ao sítio, os adolescentes foram colocados na caminhonete, e levados do local por João Paulo e o primo. O servidor público, sua esposa e o cunhado de João Paulo ficaram em casa.

Durante o trajeto, eles teriam tomado a decisão de matar os adolescentes. Então os jovens foram levados para a rodovia PI-112, na altura do povoado Anajás, entre Teresina e União, a cerca de 20 km da casa, onde os dois foram retirados do carro e assassinados a tiros.

Tio assumiu crime sozinho

No dia 26 de janeiro, o delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Lucy Keiko, informou que havia cinco pessoas suspeitas de envolvimento nos assassinatos dos adolescentes. Na ocasião, o tio do empresário, um servidor público estadual, de 70 anos, tinha confessado o crime.

Ele tinha dito que o empresário seria apenas proprietário do carro que, segundo depoimentos dos suspeitos, foi usado para transportar os jovens. Segundo o depoimento do servidor, ele tinha matado os dois adolescentes sozinho.

Polícia contestava versão

Contudo, a polícia já questionava a versão apresentada e mantém as investigações do caso. O delegado Francisco Costa, o Barêtta, coordenador do DHPP, contestava, por exemplo, como seria possível um idoso, sozinho, dominar e matar os dois jovens.

“É um crime complexo pela falta de testemunhas, ainda há muito a fazer para saber se todos que estavam na casa foram ou não no local da execução. Não aceitamos de pronto a versão dele”, informou o delegado.

Versão dos suspeitos

Além do empresário e seu tio, foi ouvido um primo do empresário. A versão apresentada pelos três, em depoimento, era de que os dois jovens invadiram o sítio do tio, foram dominados e imobilizados por ele e seu filho.

Estavam na casa ainda uma tia e um cunhado do empresário, que também estão com suas possíveis participações no crime investigadas e individualizadas pela polícia.

Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, e Anael Natan Colins, de 17 anos, foram encontrados mortos em 15 de novembro, às margens da PI-112, no povoado Anajás, Zona Rural Leste de Teresina. Eles estavam desaparecidos havia dois dias.

Servidor foi liberado

Segundo o delegado geral, na ocasião servidor não permaneceu preso porque não havia mandado de prisão contra ele e o prazo flagrancial do crime já havia expirado. O delegado, contudo, não descartou um pedido de prisão para os suspeitos futuramente.

“Tio e primo não foram presos porque desvendamos o crime inteiro ontem à tarde, não havia flagrante e nem mandado contra eles”, explicou Lucy Keiko.

Empresário foi liberado seis horas após prisão

O empresário João Paulo de Carvalho Gonçalves Rodrigues, de 35 anos, foi preso na terça-feira (25) suspeito de participação no assassinato dos adolescentes. Advogados de João Paulo estiveram no DHPP no início da tarde e ele foi liberado seis horas depois de ser preso.

Segundo o delegado Francisco Barêtta, coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o empresário foi preso num apartamento no bairro Jockey Clube, na Zona Leste de Teresina, em cumprimento a um mandado de prisão. Além do mandado de prisão, a polícia cumpriu ainda cinco mandados de busca e apreensão.

Por Andrê Nascimento e Maria Romero, g1 PI

 

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