Piauí decidiu metade das eleições no 1º turno desde a Constituição de 1988
Desde a implementação da eleição em dois turnos, quatro disputas para o Palácio de Karnak foram definidas em 1º turno e outras quatro no 2º turno.
O sistema de dois turnos nas disputas para presidente da República, governador e prefeito de municípios com mais de 200 mil eleitores foi implementado no Brasil com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Com isso, a primeira eleição a ter o novo sistema em vigor foi a disputa presidencial de 1989, quando Fernando Collor e Lula disputaram o segundo turno, vencido por Collor. Era a primeira eleição direta para presidente após a redemocratização.
Já nos estados a primeira eleição com o sistema de dois turnos aconteceu em 1990, quando foram eleitos os novos governadores. Ao longo desses 32 anos, o Piauí construiu um dado curioso. Desde então, metade das eleições para governador do Estado foi decidida no primeiro turno e outra metade no segundo turno. Ao todo foram oito eleições disputadas desde 1990.
Na primeira delas, em 1990, Freitas Neto, à época no PFL, por muito pouco não conseguiu superar os 50% dos votos válidos e por isso teve que disputar o segundo turno com o professor Wall Ferraz (PSDB). No primeiro turno Freitas alcançou 49,95% dos votos, contra 43,79% de Wall. Os dois se enfrentaram na segunda fase da disputa e Freitas terminou vencedor com 55,06% dos votos, contra 44,94% do professor Wall Ferraz.
Em 1994 também teve segundo turno e a eleição foi uma reviravolta. O candidato governista Átila Lira (PFL) começou como franco favorito e terminou o primeiro turno na frente de Mão Santa (PMDB). Átila teve 44,86% dos votos válidos, contra 37,43% de Mão Santa, resultado que já chamou atenção e mostrou crescimento vertiginoso da candidatura de oposição. No 2º turno, os indícios de que o jogo viraria se confirmaram. Mão Santa atingiu 55,81% dos votos válidos e venceu, contra 44,19% de Átila.
Em 1998 o governador do Piauí também foi definido no segundo turno e novamente com uma virada. Com a instituição da reeleição, Mão Santa se lançou mais uma vez candidato para tentar continuar no poder e teve como adversário o favorito Hugo Napoleão (PFL), então senador da República. No primeiro turno Hugo saiu na frente e venceu com 43,73% dos votos. Mão Santa ficou com 40,58%. No segundo turno, mais uma vez, Mão Santa virou o jogo. Ele teve 50,96% dos votos válidos contra 49,04% de Hugo, sendo aquela a disputa mais acirrada pelo governo do Piauí até hoje, com uma diferença de apenas 23.897 votos.
Em 2002 aconteceria a primeira eleição definida no primeiro turno depois da Constituição de 1988. Hugo Napoleão (PFL) tentou a reeleição após ter assumido o governo com a cassação de Mão Santa, em novembro de 2001. Seu adversário foi o então deputado federal Wellington Dias (PT), que contou com apoio decisivo de Mão Santa e de grande parte do PMDB. Numa disputa acirrada, o petista derrotou Hugo no primeiro turno, com 50,96% dos votos válidos. Hugo conseguiu 44,07% e perdeu.
No ano de 2006 mais uma eleição foi decidida em primeiro turno, novamente com Wellington Dias. Já no comando do Palácio de Karnak, o petista pleiteou a reeleição e venceu com folga o seu principal oponente. Wellington alcançou 61,68% dos votos válidos e derrotou o ex-governador Mão Santa, segundo colocado, que teve apenas 25,26% dos votos. Naquele ano, novamente, grande parte do PMDB apoiou o petista, mesmo tendo Mão Santa como candidato do partido ao governo estadual.
No ano de 2010 a disputa pelo governo do Piauí voltaria a ser definida apenas no segundo turno. Wilson Martins (PSB) teve como principais adversários Sílvio Mendes (PSDB), que renunciara à Prefeitura de Teresina para concorrer ao Governo, e o senador João Vicente Claudino (PTB). No primeiro turno Wilson alcançou 46,37% dos votos válidos, contra 30,08% de Sílvio Mendes e 21,54% de João Vicente. No segundo turno Wilson venceu a eleição com 58,93% dos votos válidos, derrotando Sílvio Mendes, que atingiu 41,07% do total de votos.
Em 2014 a eleição seria novamente decidida no primeiro turno e com o mesmo personagem de antes. Wellington Dias (PT) impôs uma derrota acachapante no então governador Zé Filho (PMDB), que havia assumido o governo com a renúncia de Wilson Martins nove meses antes. Wellington alcançou 63,08% dos votos, contra apenas 33,25% de Zé Filho, que ficou na segunda colocação e foi derrotado já no primeiro turno. Foi o maior percentual de votos já alcançado por Wellington em disputas para o governo.
Na última eleição estadual, em 2018, novamente Wellington Dias venceu no primeiro turno. Buscando a reeleição para o quarto mandato, ele alcançou 55,65% dos votos válidos, contra 20,48% do segundo colocado Dr. Pessoa e 17,30% do terceiro colocado Luciano Nunes (PSDB). A vitória fez de Wellington o político responsável por todas as quatro eleições decididas em primeiro turno para o governo do Piauí desde a implementação do modelo de dois turnos, a partir da Constituição Federal de 1988.
Nas eleições deste ano haverá, inevitavelmente, o desempate. Se houver definição no primeiro turno o Piauí passará a ter o histórico com a maioria de suas eleições decididas no primeiro turno. Já se a disputa tiver uma segunda etapa, o número de eleições estaduais definidas em segundo passará a ser maioria. Haverá um 5×4, resta saber para qual lado da estatística.
Fonte: Lupa 1
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