Segundo o INEP, desmatamento no Piauí cresceu 25% em dois anos

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais, o INPE, no Piauí, entre os anos de 2021 e 2022, o crescimento do desmatamento foi de 25%. Ainda segundo o Instituto, o município de Santa Filomena, a 813km de Teresina, corresponde a 10% do desmatamento do cerrado do estado.

Santa Filomena está localizada na região de predominância do cerrado chamada “MATOPIBA”, formada pela união de terras do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Uma das técnicas de desmatamento é conhecida como “correntão”. Uma corrente muito resistente é presa a dois tratores, que quando puxam, arrancam toda a vegetação do perímetro.

O professor e pesquisador de Harvad, Fábio Pitta, apontou que em Santa Filomena, nos últimos três anos, cerca de 16 mil hectares foram desmatados. A pesquisa dele ajudou o Ministério Público nas investigações pelo crime de grilagem.

“São cerca de 16 mil campos de futebol. Em 2016, 124 mil hectares foram bloqueados de uma fazenda no Piauí. Um espaço que corresponde ao território do Rio de Janeiro. O processo de grilagem se dá em algumas etapas. Primeiro falsifica um título, expulsa as comunidades, desmata a área para dizer que é uma fazenda e se vende essa área”, explicou.

O agricultor e morador do cerrado, Jovecino Pereira, conta que mora no local desde que nasceu e a fazenda é descendente dos pais. Ele relata a relação que tem com o cerrado.

“Acho um a injustiça os grileiros dizerem que essa terras são deles. A gente vive aqui. Eles chegaram aqui do nada e querem ser os donos”, lamentou.

Outro agricultor da região, o Geraldo João Pessoa, conta que uma área que morava com a família, foi demarcada pelo Instituto de Terras do Piauí (Interpi), que reconheceu a área como uma comunidade tradicional do cerrado, mas recentemente um pedaço do terreno foi invadido por outra pessoa.

“Uma área que tenho o grileiro me proibiu de entrar. Veio reparado pra assombrar a gente. Ele chega aqui, compra um pedaço pequeno de 20 hectares. Daí ele vai no cartório e diz no documento que a área é de 200 hectares. Daí com a grilagem, a fazenda se torna área legal”, disse.

O grileiro apontado por Geraldo é o João Augusto. Ao ser questionado, ele diz não se reconhecer como grileiro e nem a denúncia contra ele instalada no Ministério Público do Piauí (MP-PI).

“Como ser grileiro se não grilei terra? Aqui já teve gente que atirou contra a minha casa. Querem ser donos de tudo”, afirmou.

Ele aponta outro nome como o “maior grileiro do Brasil”, o Euclides de Carli. O procurador de Justiça do Piauí, Marcio Carcará, apontou que de Carli atua na região há pelo menos 40 anos.

“Ele tem inúmeros documentos falsificados em cartório. Esse cartório posteriormente foi interditado por falsificação. Depois todas as fraudes e violações foram descobertas pelo MP-PI que tenta a todo custo anular os negócios políticos fraudulentos e anular o registro dessas propriedades”, disse.

Em nota, a secretaria de estado e recursos hídricos do Piauí (Semarh), afirmou que depois que a fiscalização constatou o desmatamento ilegal de mais de 10 mil hectares em três fazendas, aplicou R$26 milhões em multas e que as terras seguem embargadas. As três fazendas seguem bloqueadas.


Fonte: g1 PI


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